sexta-feira, 27 de maio de 2011

História de Bela Vista

No sopé da Serra de São Caetano se instalou um quilombo chamado Flor Roxa. Escravos evadidos do recôncavo e da região, revoltados pela tirania dos senhores, rebelaram-se contra a escravidão. Fugiam e instalavam-se na Serra de Bela Vista. Aquele grupo ali reunido ameaçava o poder dos senhores feudais e o comércio dos escravocratas. A coroa portuguesa tomou as devidas providências, através da Carta Régia, ordenou que o capitão do mato José Joaquim de Araújo se deslocasse de Vila Nova da Rainha (Senhor do Bonfim) e fosse até a Serra de Bela Vista, em Serrinha, reestabelecer a ordem e a paz, prender e por a ferro os quilombolas e seus seguidores, entregando-os aos seus devidos proprietários. Não se tem registro que foi entregue algum escravo fugitivo ao proprietário, isto nos leva a crer que houve um verdadeiro massacre.
O povoado foi fundado por José Antonio de Oliveira, mais conhecido como Cazuza, construindo uma casa para residência, uma escola e um armazém. Comprou um terreno e deixou à disposição da comunidade e dos poderes públicos para a construção de uma praça. Se não fosse a sua iniciativa, Bela Vista seria hoje apenas uma longa rua. Construiu também uma capela católica, três cruzeiros, ensinou música, francês e espanhol, além dos benefícios realizados em seu povoado e ainda cooperou na construção da igreja de outra localidade,Retiro. O nome da comunidade “Bela Vista” surgiu quando Cazuza, encontrando-se no pico da Serra de São Caetano, avistou as poucas casas do recém criado povoado e, admirado com o belo visual, exclamou: “Que bela vista!”.
Antigamente, não havia água encanada nem energia elétrica. Havia apenas uma escola com uma sala de aula. A primeira emissora de rádio surgiu no ano de 1958, era alimentada por bateria de caminhão e o local onde estava instalada se transformava em um verdadeiro auditório, como se estivesse acontecendo um verdadeiro show ao vivo. No ano de 1963, foi inaugurada a energia elétrica a motor, funcionava apenas das 18:00 às 22:00 horas. O meio de transporte era um jipe alugado ou a carroceria dos caminhões.
Embora já houvesse alguns médicos na sede, na zona rural a maioria dos problemas de saúde era resolvida com remédios caseiros, um braço quebrado enfaixava-se em casa. Quase todos os partos eram realizados por parteiras, a mais famosa foi mãe Adelina. Os caixões eram feitos pelos marceneiros da comunidade e construídos na própria casa do falecido. Naquela época, devidos às dificuldades encontradas na localidade, muita gente deixava sua terra natal em direção à São Paulo.
As transformações foram muitas, foi construído um colégio com ensino fundamental e médio. Existem três templos religiosos: católico, Assembléia de Deus e Batista. Duas associações de moradores, com sedes próprias. O posto de saúde foi construído em 1977, com uma atendente de enfermagem, a qual servia de conselheira de saúde por muitos anos. Os moradores tinham muita confiança em seu trabalho. Atualmente, já existe rede de energia elétrica permanente, água encanada, vários carros que fazem transporte para a cidade, rádio comunitária, televisores, telefones fixos e celulares. A comunidade também dispõe de mercearia, mercadinhos, açougues, padaria, bares, casas de material de construção, barbearia, cabelereiro, academia, lan house, campo de futebol e quadro esportiva.

Em relação aos aspectos culturais da comunidade:
O padroeiro da localidade de Bela Vista é São José, sendo comemoradas nos dias 17 a 20 de março, com leilões, barracas, venda de comidas típicas, sorteios, missa.
Outra data importante para a comunidade é a semana santa, na qual é feita uma apresentação da morte de Cristo, subida ao monte de São Caetano, onde tem um cruzeiro e pedra da cangalha. Acontece também queima de judas, lava-pés e fogaréu (procissão).
No São João, formam-se quadrilhas dos colégios e da comunidade, fogueiras, queima de fogos, comidas típicas. Em sete de setembro, acontece desfile de fantasias, com banda escolar. Nos meses de setembro a dezembro, acontecem vários carurus na área de abrangência, em oferta a São Cosme e Damião e Santa Barbara. Em dois de novembro, em decorrência da data de finados, acontece em Bela Vista e Tanque Grande um culto em seus respectivos cemitérios.
Acontecia anualmente apresentação de bumba-meu-boi, mas a mesma não acontece há quase 10 anos. Antigamente, existiam grupos de capoeira, inclusive com escolas que ensinavam capoeira e karatê. Porém, as mesmas estão desativadas há vários anos. Havia também um grupo de Alcóolicos Anônimos, mas não funciona há cerca de dez anos.
Em termos de religião, as principais são Católica, Assembleia de Deus e Batista. Existem também muitas rezadeiras e benzedeiras. Em uma das localidades (Tanque Grande), existia um terreiro de Candomblé, mas foi desativado há cerca de cinco anos.

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