domingo, 3 de julho de 2011

Principais Problemas - Hipertensão Arterial Descontrolada

Continuando a série sobre os principais problemas da área de Bela Vista, passaremos a falar agora sobre a hipertensão arterial descontrolada.



Identificamos na análise da situação de saúde da nossa área de trabalho um número de 327 hipertensos cadastrados. Como a população total da área é de 2680 pessoas, os hipertensos correspondem a 12,2% desta população. É um número relativamente baixo, se comparado com os dados epidemiólogicos de outros locais do Brasil. Entretanto, algumas considerações merecem ser feitas: sabemos que muito hipertensos já diagnosticados, acompanhados e tratados, ainda não estão cadastrados nos sistemas de informação. Além disso, estimamos que há muitos hipertensos na área sem diagnosticar, que desconhecem ser portadores de HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica).


 


A nossa percepção é que há muito mais hipertensos que este número de cadastrados (327). Pois é raro um dia de atendimento na área sem que ao menos um hipertenso esteja entre os pacientes atendidos. Isto pode ser explicado porque o número é realmente maior, mas também porque são estes pacientes, portadores de HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), os que mais procuram os nossos serviços. Mesmo havendo dias específicos para consultas individuais e grupos de hiperdia, os hipertensos procuram as unidades em todos os dias da semana.

Percebemos, através da análise de prontuários, registros das aferições de PA (Pressão Arterial) e dados colhidos nas reuniões de grupo, que uma parte dos nossos hipertensos ainda está com os níveis pressóricos descontrolados. Sendo este número estimado em torno de 20 %.


Abaixo seguem alguns dados sobre a Hipertensão Arterial, encontrados nas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial:

A HAS tem alta prevalencia e baixas taxas de controle. É considerada um dos principais fatores de risco (FR) modificaveis e um dos mais importantes problemas de saude publica.


Em nosso pais, as DCV (Doenças Cardiovasculares) tem sido a principal causa de morte. Em 2007, ocorreram 308.466 obitos por doencas do aparelho circulatorio.


As DCV (Doenças Cardiovasculares) são ainda responsáveis por alta frequência de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos elevados. Como exemplo, em 2007 foram registradas 1.157.509 internações por DCV no Sistema Unico de Saude (SUS). Em relacao aos custos, em novembro de 2009 ocorreram 91.970 internações por DCV, resultando em um custo de R$ 165.461.644,33 (DATASUS).







PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos últimos 20 anos apontaram uma prevalência de HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica) acima de 30%. Considerando-se valores de PA 140/90 mmHg, 22 estudos encontraram prevalencias entre 22,3% e 43,9% (media de 32,5%), com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acima de 70 anos. Entre os generos, a prevalencia foi de 35,8% nos homens e de 30% em mulheres, semelhante a de outros paises. Revisão sistematica quantitativa de 2003 a 2008, de 44 estudos em 35 paises, revelou uma prevalencia global de 37,8% em homens e 32,1% em mulheres.





CONHECIMENTO, TRATAMENTO E CONTROLE



Estudos clinicos demonstraram que a deteccao, o tratamento e o controle da HAS sao fundamentais para a reducao dos eventos cardiovasculares. No Brasil, 14 estudos populacionais realizados nos ultimos quinze anos com 14.783 individuos (PA < 140/90 mmHg) revelaram baixos niveis de controle da PA (19,6%). Calcula-se que essas taxas devem estar superestimadas, gracas, principalmente, a heterogeneidade dos trabalhos realizados. A comparacao das frequencias, respectivamente, de conhecimento, tratamento e controle nos estudos brasileiros com as obtidas em 44 estudos de 35 paises revelou taxas semelhantes em relacao ao conhecimento (52,3% vs. 59,1%), mas significativamente superiores no Brasil em relacao ao tratamento e controle (34,9% e 13,7% vs. 67,3% e 26,1%) em especial em municipios do interior com ampla cobertura do PSF (Programa de Saúde da Família).




Portanto, nossa prevalência de hipertensos cadastrados, de acordo com dados do SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica), está abaixo do encontrado em outros estudos populacionais no Brasil e no mundo. Mas no nosso dia a dia de trabalho percebemos que este número é muito maior. Afirmar que apenas 12,2 % da populção de nossa área é portador de hipertensão, em nosso entendimento, está bem longe da realidade. Principalmente devido ao elevado número de pacientes hipertensos que são atendidos diariamente. Como dito anteriormente, é raro passar um dia sem atendimento a pelo menos um hipertenso.

Portanto, já identificamos como uma de nossas necessidades a atualização dos dados do SIAB, cadastrando todos os hipertensos que já estão diagnosticados. Estaremos realizando também uma pesquisa para detectar os hipertensos, através da aferição da PA (Pressão Arterial) em todos os moradores com idade superior a 03 anos, avaliando de forma mais confiável a prevalência de hipertensão em nossa área.



Dentre os hipertensos que acompanhamos, estimamos que cerca de 80% estão com os níveis pressóricos controlados, número melhor do que a média nacional e internacional.  Entretanto, são números estimados,  através de dados retirados de análise de prontuários e reuniões de grupos de Hiperdia, e não baseados em pesquisas quantitativas.  Apesar disto, estes números comprovam o que foi dito nas diretrizes, em relação ao melhor controle da HAS (hipertensão arterial sistêmica) em municípios com maior cobertura da ESF (Estratégia de Saúde da Família).

O que contribuiu muito para este elevado número de hipertensos com os níveis pressóricos controlados, além de trabalharmos na Estratégia de Saúde da Família, fanzendo  das consultas individuais, foram os grupos de Hiperdia formados na área, com reuniões que ocorrem periodicamente, onde é feita a educação em saúde e troca de experiências entre os participantes. Mais de 90% dos hipertensos que frequentam regularmente as reuniões do grupo estão com os níveis pressóricos controlados. Enquanto que dentre aqueles que não fazem parte dos grupos de Hiperdia, a média dos que estão controlados a PA controlada é de 70%. Já percebemos o impacto destas atividades e planejamos implantar outros grupos de hiperdia em 04 micro-áreas.

 




Além disto, queremos melhorar ainda mais este indicador, deixando mais de 90% de todos os nossos hipertensos controlados. Com o objetivo principal de evitar as complicações da HAS, que ainda temos presentes em nossa área, como AVC (Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como Derrame Cerebral), IAM (Infarto Agudo do Miocárdio), Nefropatia, Retinopatia, etc. E também diminuir o número de internações e óbitos por HAS.




Assim como no problema do Baixo Índice de Aleitamento Materno Exclusivo, analisamos as causas e consequências deste número de pacientes com HAS ainda descontrolada. Seguem abaixo os aspectos discutidos:

Causas:
 
  • Dieta inadequada, excesso de sal; 
  • Sedentarismo; 
  • Sobrepeso e Obesidade; 
  • Tabagismo; 
  • Uso irregular dos medicamentos (esquecimento, falta na unidade, dificuldades em comprar); 
  • Resistência em aceitar o diagnóstico;

   Consequências:


  • Crises hipertensivas, atendimentos em urgência e emergência;
  • Maior número de internamentos hospitalares;
  • Risco elevado para as complicações da HAS:
  • AVC (derrame cerebral), demência;
  • Infarto, insuficiência cardíaca;
  •  Insuficiência Renal, necessidade de fazer hemodiálise;
  • Aterosclerose, entupimento das artérias; 
  • Perda da visão - cegueira; 
  • Risco de óbito.









     Veja abaixo como se classificam os níveis pressóricos e procure manter sempre a sua pressão arterial no nível ideal, mesmo que já seja hipertenso:






    7 comentários:

    1. achei realmente muito interessante,legal mesmo, mas se me permitem,gostaria de dá uma sugestão, q tal colocar entre parenteses o nome das doenças descritas no blog atravéz de siglas, é q nem tdos q acessam sabem o significado. mas vcs estão de parabéns.

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    2. Olá, muito obrigado pela sua participação e comentário.
      Toda critíca ou sugestão é muito bem vinda, pois nos ajudar a melhorar.
      Inclusive já seguimos a sua sugestão nesta postagem mesmo. Como você pode ver, as siglas já estão com os seus significados em parênteses.
      Mais uma vez muito obrigado. Continue acompanhando e participando.

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    3. Olá.
      Postagem publicada no blog teia.
      Até mais

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    4. Valeu pessoal,

      Muito obrigado por mais esta divulgação.

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    5. Cuidar da alimentação e atividade física previne e combate a hipertensão arterial. Gostei muito do post. Parabéns!

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    6. Olá Isac Filipe,

      Com certeza, a dieta e atividade física são essenciais para a prevenção e controle da hipertensão.
      Que bom que você gostou. Aproveite para ver também os outros posts - tem muitos interessantes.
      Muito obrigado pela visita e continue acompanhando o Blog.

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    7. Adorei. Gostaria de saber se me permitem copiar as orientações ( gravuras) para serem utilizadas na caderneta que adotarei para distribuir como brinde na nossa Farmacia. Estamos tentando ajudar aquele que não dispõem de mt informação.

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